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sábado, 30 de abril de 2011

Madrid: Dia 1. Uma Paris ibérica.

30 de abril de 2011.

Madrid, uma cidade imperial!
Hoje, finalmente, pegamos o trem de alta velocidade e chegamos a Madrid - com previsão de uma semana inteira de chuva. :-(

Mas não desanimamos e, chegando ao hotel, largamos as malas aqui e já saímos para conhecer a cidade. Que é linda!
Arquitetura do centro de Madrid.
Madrid não é uma típica cidade espanhola, mas sim uma típica metrópole europeia, com tudo o que as maiores cidades têm a oferecer. Apesar das lojas de leques e lembrancinhas, dos bares de "tapas" e de alguns redutos de flamenco, os clichês espanhóis ficaram lá na Andalucia; aqui, o negócio é bem outro. A arquitetura é imperial, com largas avenidas, prédios luxuosos e jardins belíssimos, povoados por fontes e estátuas. Madrid é uma espécie de Paris espanhola. Três dos maiores museus de arte do mundo ficam aqui. :-)

Estamos hospedados em um apart hotel que foi relativamente barato, porque fica numa área residencial bem longe do centro de Madrid - e bem perto do aeroporto, o que é conveniente porque no dia em que voltaremos a Sampa nosso avião vai sair daqui MUITO cedo. Mas o metrô aqui é maravilhoso, funciona até as 1:30 da manhã e tem uma estação logo ali na esquina. Demora um pouco para chegar ao centro, mas não tem problema; se o clima colaborar, faremos tudo andando, como sempre, eheheh. Temos a vantagem de estar numa região silenciosa e bonita, num apartamentinho bem agradável e com ótimo preço - quanto mais central, mais caro, né?

Uma das portas que levam para a Plaza Mayor.
Quando chegamos, já eram umas 3 da tarde, então resolvemos apenas andar pela cidade, fazer um "reconhecimento" do local. Passamos por vários pontos famosos: a Plaza del Sol, a Gran Via, o Palácio Real com seus jardins, a Plaza de España com suas estátuas de Don Quixote, Sancho Pança e do próprio Cervantes... Tudo muito bonito, limpo e bem cuidado. Só paramos às 10 da noite, e o movimento nos bares madrilenhos estava só começando.

Monumento ao Miguel de Cervantes.
E a vista que se tem do monumento.
Houve várias pancadas de chuva durante o dia, mas nada demais. Se continuar assim, não vai melar o nosso passeio. ;-)

Amanhã tentaremos visitar o interior do Palácio Real, que hoje funciona apenas como local de cerimônias oficiais e atração turística; a família real espanhola mora em outro lugar. Na segunda-feira queremos ir a Toledo (imperdível!) e na terça devemos ir a Segóvia.

Escultura em frente ao Congresso nacional.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Málaga: litoral, fortaleza árabe e muita chuva.

Em nosso último dia na Andaluzia, 29 de abril, tomamos um trem para Málaga.

E nosso passeio no litoral foi um verdadeiro tiro no pé!

OK, Málaga é uma cidade linda: um dos mais antigos portos da Espanha, com praia, centro velho e parte moderna. Só que esquecemos de verificar dois "detalhes". Um era que não havia trem direto de Sevilha para lá - ele passa primeiro por Córdoba, mais ao norte, para só depois seguir para Málaga, por isso a passagem foi absurdamente cara, considerando que Málaga nem é tão longe de Sevilha. O segundo foi a previsão do tempo - como em Sevilha estava aquele sol de rachar o coco, fomos para o litoral de camisetas e jaquetas leves, esperando um dia de sol como os outros... Chegando lá, a temperatura tinha caído 20 graus e choveu o dia todo. :-/

La Alcazaba de Malaga!


Passamos um dia frio e molhado, desviando de poças na rua e tremendo. Enfim, nos sentimos em São Paulo. O clima estava tão ruim que nem tivemos ânimo de ir à praia. Só visitamos a Alcazaba de Málaga, uma imensa fortaleza meio romana, meio mourisca, as ruinazinhas de um anfiteatro romano e o interior da Catedral de Málaga - que é muito bonita, mas já vimos nossa cota de igrejas barrocas para toda uma vida e só entramos mesmo porque lá, pelo menos, tinha teto. :-P

Anfiteatro romano




De noite, novamente em Sevilha, o clima continuava frio e chuvoso, mas saímos mesmo assim em direção ao centro velho para encerrar nossa estadia lá em grande estilo. Afinal, não de pode sair de Sevilha sem ver uma autêntica apresentação de flamenco.

Saímos à caça de um dos muitos shows anunciados nos folhetos que recebemos no hotel, mas chegamos tarde: o que tínhamos escolhido já havia acabado. Mesmo assim, ora essa, estávamos em Sevilha! Quão difícil podia ser encontrar um tablao em funcionamento para alegrar os turistas? Fácil. Bastou nos embrenharmos pelo labirinto novamente para encontrar um show escondidinho, que apesar disso estava lotado. Maravilhoso.

Infelizmente, era proibido filmar e só permitiram que tirássemos fotos no final. Mas foi excelente, pois além dos personagens clássicos - o violonista, o cantaor e a bailaora -, tivemos uma surpresa: um bailaor, o dançarino de flamenco, com sapatos apropriados, calças compridas, camisa e colete. É muito difícil encontrar um bom bailarino de flamenco no Brasil. Na Espanha, pelo jeito, nem tanto. Foi a cereja do nosso bolo andaluz. ;-)

E assim nos despedimos de Sevilha. Na manhã seguinte - e na próxima postagem: Madrid!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dia 4: Córdoba e a catedral-mesquita

Ponte romana que dá acesso ao centro velho de Córdoba.

No nosso quarto dia na Andaluzia (28 de abril de 2011), fomos realizar um sonho de muitos anos da Mila: visitar Córdoba, cidade que já foi a capital de um califado muçulmano em plena Europa medieval. :-)

Pegamos um trem de Sevilha para lá. Os trens espanhóis são muito rápidos - alguns chegam a cobrir 300 km por hora - e confortáveis. É bom comprar a passagem na noite anterior ao dia em que você quer ir, para garantir seu lugar. É como ir de São Paulo a Santos - dá para fazer um bate-volta tranquilamente, e você ainda pode dormir no caminho.



Não se preocupe em levar um guia. Na estação de trem, você encontra folhetos e mapas com TUDO o que há para fazer na cidade e como chegar, em vários idiomas. Tudo patrocinado pelos restaurantes e hotéis que anunciam nesses folhetos. ;-)

Então, novamente fizemos tudo o que interessava a pé. A partir da estação, percorremos ruas amplas e arborizadas, feitas sob medida para os turistas, e depois as vielas simpáticas junto à antiga muralha, até chegar à lendária Catedral de Córdoba. Com seus mais de 800 arcos vermelhos e brancos, ela também fica às margens do Guadalquivir e rodeada por um labirinto de ruas medievais. Já foi uma mesquita e, antes disso, uma igreja cristã visigótica.

Os tais arcos vermelhos e brancos...

... são considerados típicos da arquitetura mourisca na Espanha...

... mas, na verdade, foram copiados pelos árabes dos arcos da igreja visigótica cristã que existia nesse local.

Mais da bela arquitetura mestiça.

Peças visigótica da igreja original, em exposição na catedral.

No centro velho há muitas opções de compras e comida. Bom lugar para adquirir lembranças para a parentada. Em todo canto há gente distribuindo folhetos de restaurantes. Fomos atrás de um desses por pura curiosidade para comer a "comida típica Sefarad e Al-Andaluz", com muitas opções vegetarianas.

Cardápio do restaurante.



Lojinhas em Córdoba.

Nosso passeio em Córdoba acabou cedo, porque ficamos confusos com os horários de saída dos trens. Mas só de termos podido ver a Catedral por dentro e por fora, valeu o dia.

Uma vista da muralha.

Mila diante da Catedral de Córdoba.


Na próxima postagem: Málaga... e um tiro no pé. :-P

terça-feira, 26 de abril de 2011

Dias 2 e 3: Sevilha, seu Alcázar e seus jardins

Detalhe do interior do Alcazar de Sevilha
No segundo dia, fomos direto para o centrinho velho pelo caminho mais curto. Depois de zanzar pelas ruas, driblando excursões, desistimos de entrar na Catedral por conta da horda de turistas que se enfileirava diante dela e decidimos almoçar cedo.

Torre chamada Giralda. Ao lado da catedral.
O que sobrou de um aqueduto romano no meio da cidade.
A Mila pediu um revuelto imperial, uma espécie de ovos mexidos com diversos vegetais. A receita original tinha camarões e presunto. Pedimos que viesse sem carne nenhuma, mas algum erro de comunicação entre garçonete e cozinheiro resultou num prato com bacon. O David decidiu abrir uma exceção e pediu uma paella tradicional, que nos brindou com uma lagosta inteirona ali no topo daquele arroz todo. Já tínhamos visto paellas com todos os frutos do mar a que tinham direito, mas não estávamos preparados para a visão de horror de um crustáceo inteiro, olhos e patinhas, bem do tipo que é retirado do aquário e fervido vivo para a alegria dos gourmets. Não conseguimos comê-lo. É duro ser vegetariano na Espanha. :-S

Tomando uma Cruz Campo.

Depois do almoço, fomos conhecer o famoso Alcazar de Sevilha, um palácio construído pelos governantes muçulmanos da cidade na Idade Média, depois ocupado, reformado e ampliado sucessivamente pelos reis cristãos. Foi uma bela sobremesa para aficcionados em História como nosostros. As imagens falam mais que nossas palavras.

Entrada do Alcazar.

Pátio interno do Alcazar.
Pátio interno do Alcazar.
Jardins do Alcazar.
Mais jardins do Alcazar.
No final do dia, flanando pelas margens do Guadalquivir, entramos por ruas aleatórias e chegamos à Praça de Espanha, na entrada do Parque Maria Luiza. Já estava ficando escuro, então decidimos explorá-lo melhor no terceiro dia. Vejam que beleza. :-)

Praça de Espanha. Nesse espelho d'água circulam barquinhos.
Mais Praça de Espanha.
Camila na Praça de Espanha.
Vários monumentos simbolizando as cidades espanholas.
Mais Praça de Espanha.
Curiosidade nerd: na Praça de Espanha foram filmadas algumas cenas de Star Wars - Episódio II - A Guerra dos Clones. Cá pra nós, é uma arquitetura de outro mundo. :-P

Ainda no Parque Maria Luiza, visitamos o Museu de Arqueologia, com objetos antiquíssimos da cultura andaluz, de origens fenícias, romanas, visigóticas, muçulmanas etc. Infelizmente, não pudemos tirar fotos lá dentro. Mas o ingresso é baratinho e a visita vale a pena.

Já estávamos tão quebrados de andar por aí que resolvemos descansar no Parque Maria Luiza.
E o David pegou no sono.
Lago em frente ao Museu de Arqueologia, no Parque Maria Luiza.

No final do dia, tivemos a sorte de encontrar um restaurante que servia várias tapas vegetarianas. E fizemos um "almojanta" delicioso. ^ ^

Enfim, Sevilha é linda. As ruas são pitorescas, cheias de detalhes fotografáveis, de ferragens curiosas a azulejos simpáticos. Tudo pode ser percorrido a pé e vale a caminhada. Como o ar é muito seco, mesmo no calorão pode-se andar muito sem suar quase nada. Só não esqueça a garrafa d'água e o protetor solar. ;-)

As pessoas em geral são diretas e prestativas. Mas cuidado com o povo que puxa papo nos pontos turísticos. Eles querem ler sua mão, te dar folhinhas da sorte ou abanicos na marra e pedir uma "contribuição" depois.

Na próxima postagem: Córdoba!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Video Espanha



Aí vai um video que mostra um pouco do que vimos pela Espanha. Em abril de 2011 visitamos Sevilha, Córdoba, Málaga, Madrid, Toledo e Segóvia. Assistam e comentem!

Sevilha: Dia 1. Um labirinto medieval.

Catedral de Sevilha vista dos Jardins de Murillo.

25 de abril de 2011. Sol forte, céu estupidamente azul e ar seco. São 36 graus em Sevilha.

Foram 10 horas de voo de São Paulo a Madrid. Levamos todos os documentos que poderiam ser solicitados na nossa entrada na Espanha, mas não tivemos absolutamente nenhum problema na alfândega. Não pediram sequer para ver nossas passagens de volta. :-)

Do aeroporto Madrid-Barajas sai uma linha de metrô, pela qual fizemos baldeações até a estação ferroviária Atocha e de lá tomamos um trem AVE - Alta Velocidade Española para Sevilha. É fácil pegar trens da Renfe de Madrid a Sevilha, pois eles saem de hora em hora, mas também se pode comprar passagens antecipadas pela web. Levamos 2 horas e meia para chegar. Para quem está acostumado a perder tempo no paradoxo que é o trânsito intransitável de Sampa, 2 horas de uma cidade a outra são fáceis. O trem é meio caro e o metrô é bem barato, mas ambos são ótimos. Só o voo foi muito cansativo. Não dormimos quase nada, aterrisamos exauridos e, ao chegar no Hotel Monteolivos, desabamos na cama.

Área da estação Santa Justa.

Escolhemos esse hotel por ser próximo da estação de trem Santa Justa, de onde partiriam nossos trens para outras cidades andaluzas que queríamos visitar. O local é considerado distante do centro antigo da cidade, mas é uma distância fácil de cobrir a pé em cerca meia hora se você não tiver mobilidade reduzida e não for preguiçoso!

Mas o sol está brilhando em Sevilha e não temos tempo a perder! Vamos zanzar pela cidade, que está louca para nos conhecer (rá, rá).

Ruas com laranjeiras e ciclovias por toda a cidade.


Sevilha é a cidade das laranjeiras e andorinhas. As ruas são enfeitadas por árvores pesadas de frutos que, por serem azedos, ninguém colhe, e continuam lá, colorindo de verde e laranja os bairros de toda a urbe. Palmeiras também embelezam as ruas e os numerosos parques, enquanto plátanos contornam os passeios ao longo do Rio Guadalquivir. Andorinhas riscam o céu dolorosamente azul, raramente manchado por nuvens na primavera. Mesmo os bairros residenciais, modernos e não turísticos, são bastante arborizados e as ruas guardam pequenas surpresas entre os edifícios do século XX, como igrejas barrocas e prédios pitorescos de outros tempos, com varandas carregadas de flores em vasos de louça pintados à mão.

Esquina enfeitada com azulejos.

Típica rua sevilhana.


Decidimos tomar um caminho bem mais longo até o centro, passando pelas ruínas da muralha mourisca da cidade. Como muitas cidades medievais europeias, Sevilha era completamente cercada por muralhas de defesa, que antigamente se conectavam ao Alcázar Real, moradia dos reis mouros e, depois, dos cristãos, e à Torre del Oro, um posto de observação à margem do Guadalquivir. Uma das portas desse paredão ainda se abre para o bairro La Macarena, onde tudo parece ter o nome de Macarena, até mesmo uma tal Real, Ilustre y Fervorosa Hermandad y Cofradía de Nazarenos de Nuestra Señora del Santo Rosario, Nuestro Padre Jesús de la Sentencia y María Santísima de la Esperanza Macarena - ufa! Embora ninguém chegue a um acordo sobre o que exatamente é uma "macarena".

Eeeeee, Macarena. Aaaai!

O Guadalquivir é bastante limpo e navegável. Em suas águas, um barco com jeitão de chalana leva os turistas para um passeio e os alunos de uma escola de remo se exercitam todos os dias em caiaques. Às suas margens, praças, calçadões e ciclovias convidam a sentar na grama ou correr e andar de bicicleta. É uma delícia caminhar por horas ao longo de um rio numa cidade que o valoriza como ponto de encontro e lazer, como já tínhamos feito em Roma e Paris.

O Baits dos fenícios, Baetis dos romanos, Tharsis dos gregos, al-wadi al-Kabir
dos mouros... hoje, Guadalquivir. Ao fundo, a Torre do Ouro.

Em Sevilha, margem de rio é lugar de descanso.
Vista de uma das pontes sobre o rio Guadalquivir.

Chegando ao centro, deparamo-nos com os bairros de Santa Cruz e Arenal, onde ficam o Real Alcázar, a Catedral de Sevilha com sua torre Giralda, os Jardines de Murillo e outros pontos interessantes. Lá também se forma a principal muvuca de restaurantes e bares da cidade. Esses são bairros antigos, raiados de ruazinhas estreitas que se entrecruzam e deixam qualquer um maluco sem um mapa. Nós tínhamos um mapa básico, no qual faltavam as ruas menores, e nos perdemos nesse labirinto lá pelo final da tarde, quando nossos pés já não aguentavam de dor e nossos olhos ardiam, implorando por travesseiros!

Entre a Catedral de Sevilha e o Arquivo das Índias.
David diante da muralha de Sevilha, trecho de La Macarena (eeee, Macarena, aaai).
Aqui, dá pra pedalar numa ciclovia com vista para uma muralha árabe do século XII. Chato, né?

Ainda passamos pelo pitoresco bairro de Triana, do outro lado do rio, mas estávamos esgotados. Caímos cedo na cama, afinal, no dia seguinte tinha mais!