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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Lyon: Dia 5. Museu Gadagne e despedida


Casas antigas da Montée de la Grande Côte.
Em nosso último dia em Lyon, resolvemos andar até o rio por uma nova rota: a Montée de la Grande Côte, algo como "subida da colina grande". É uma rua cheia de escadarias, no bairro de Croix Rousse. Existe desde os tempos medievais e é considerada patrimônio mundial pela UNESCO. Lá, vimos várias casinhas antigas e pitorescas, de várias épocas. Lyon cresceu com a indústria da seda e muitos "canuts" (trabalhadores da seda) tinham aqui seus teares.

Mais um painel pintado em uma fachada.
Descendo, já quase junto ao rio, encontramos mais um painel lindamente pintado. Este celebrava os cidadãos ilustres que nasceram ou viveram na cidade. Desde o imperador romano Claudius, natural de Lyon (na época, Lugdunun), até o escritor Antoine St-Exupéry, autor do famoso O Pequeno Príncipe.

Personalidades ilustres que nasceram ou viveram em Lyon estão retratadas neste painel.
Às vezes, é difícil distinguir quem é pintura e quem é real.
A pintura em detalhes.
Decidimos visitar um último museu e fomos seguindo pelo rio até ele.

Mais uma bela vista do rio Saône.
O museu escolhido foi o Gadagne, que fica na Vieux Lyon e mostra tanto a história de Lyon como uma exposição de fantoches. O teatro de marionetes é uma tradição aqui e Guignol é o personagem mais famoso entre os fantoches de Lyon. Sua criação data de 1769.

O próprio edifício do museu, como tudo na Vieux Lyon, é histórico. O chamado Hôtel Gadagne foi construído no século XV pelos irmãos Pierrevive, sendo comprado depois pela rica família Gadagne, de Florença. Funciona como museu histórico desde 1921 e, em 1950, recebeu a coleção de marionetes.

Vista do Museu Gadagne.
Antiga lareira que fica dentro do museu.

Escadaria que leva o visitante entre as salas das exposições.
Infelizmente, não pudemos tirar fotos da exposição. Então, se você ficou curioso, dê um pulo lá: Museu Gadagne. Vale a pena visitá-lo para conhecer mais de perto a história da cidade e de uma de suas maiores tradições - o teatro de marionetes. Tinha fantoches do mundo todo, uns bichos estranhíssimos que a gente nem imaginava existirem.

Refeição no restaurante que fica dentro do museu Gadagne. Uma salada com folhas, frutas e até flores e um estranho "shake" de... cogumelo. E era doce. Não foi barato nem caro. Foi interessante.
Saímos de lá e resolvemos aproveitar nosso último dia de viagem andando sem rumo, pois era tarde demais para escolher outro museu a visitar. Fora que o dia estava muito bonito e merecia ser curtido ao ar livre. Atravessamos o Saône, fomos até o Rhône e então o atravessamos também. Parece que não conseguimos mesmo ficar longe dos rios...

Escultura feita de flores gigantes de plástico à margem do Rhône. A obra, chamada L'Arbre à Fleurs, foi feita pelo artista coreano Jeong Hwa Choi.

Andamos também pela parte mais moderna da cidade, a leste do Rhône.
E encontramos o prédio do Radisson Blu Hotel, que é conhecido como "Le Crayon" (O Lápis).
Mas no meio daquele dia ensolarado começou a chover e acabamos voltando ao nosso hotel. Era final de tarde e ainda precisávamos arrumar nossas malas, porque à meia-noite viraríamos abóbora, isto é, um táxi viria para nos pegar para nos levar ao aeroporto. Até lá, jantamos tranqueira do mercado e vimos besteira na TV.

Acabamos dormindo um pouco no próprio aeroporto, pois o check-in só aconteceria às 6 da manhã. Pode parecer doideira, porque se é assim poderíamos ter saído às 3h, mas escolhemos ir para o aeroporto logo de uma vez porque da meia-noite às 7h da manhã não haveria ninguém na recepção do hotel e tivemos medo de que o táxi não aparecesse, quando então não teríamos jeito de chamar outro sozinhos, com nosso péssimo francês. Também, para quem já passou quase 20 horas em aeroportos por causa de um vulcão islandês, 6 horas não era nada!

E assim nos despedimos, mais uma vez, do velho continente!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lyon: Dia 4. Igrejas, Place Bellecour, Museu de Miniaturas e Cinema

Vista de nosso hotel em Croix Rousse.
Decidimos que era dia de ir a um dos muitos museus de Lyon. Difícil escolher... Mas optamos pelo que nos pareceu mais incomum: o Musée Miniature et Cinéma. Convenientemente, ele fica na Vieux-Lyon! Descemos de metrô para não perder muito tempo, mas não fomos diretamente ao centro medieval. Preferimos sair na estação Bellecour, pela qual passamos no dia anterior, explorar um pouco mais a área e atravessar o Saône de lá. Queríamos ver a região em um dia de sol.

Estátua de Luís XIV na Place Bellecour.
A Place Bellecour é basicamente um pátio enorme e vazio, cercado por ruas comerciais muito bonitas. No centro dela encontramos a estátua do rei Luís XIV. Há também um ponto de informação turística, onde pegamos várias revistas e folhetos gratuitos sobre as atrações da cidade. No dia anterior, esquecemos de dizer, chegamos a entrar nesse ponto de infos só para nos proteger da chuva. Acabamos pegando uma revista. Nela, descobrimos mais sobre o Museu de Miniatura e Cinema e percebemos que o lugar valia a visita!
Mais uma vez, a Fourvière dominando a paisagem.
Cruzando mais uma vez o Saône, resolvemos finalmente entrar na Igreja de Saint-Jean.

Fundos da Saint-Jean.
Pátio e torre nos fundos da Saint-Jean.

Interior gótico da Saint-Jean.
Saint-Jean.
Relógio astronômico dentro da Saint-Jean.
O museu fica a poucos passos da igreja, na própria Rue Saint-Jean. E lá fomos nós clicando o caminho.

Um exemplo das ruas de Vieux Lyon.
A invenção do cinema aconteceu nessa cidade. Os irmãos Lumière vieram para Lyon e foi aqui que fizeram os primeiros experimentos que resultaram no início do cinema. Então, nada mais justo do que criar um museu de cinema aqui, né?

Fachada do Musée Miniature et Cinéma.
Além de objetos e figurinos originais de diversos filmes bem conhecidos, nesse museu você encontra também a exposição de miniaturas de Dan Ohlmann, dono do museu e organizador de várias exposições, além de trabalhos de muitos outros artistas do ramo. Nem sabíamos que existia uma arte da miniatura dedicada a criar versões hiper-realistas de lugares e objetos. Longe de parecerem casinhas de bonecas, os ambientes miniaturizados são idênticos em cada detalhe a quartos, salas, banheiros, teatros, celeiros etc. do mundo real. Muitos cenários de cinema ainda hoje são maquetes. Havia uma exposição especial na ocasião com vários cenários do filme Perfume: A História de um Assassino, desde o sinistro laboratório do perfumista serla killer até a perfumaria chique e a banca de peixes na feira. Foi arrepiante. Se você for a Lyon, visite esse lugar. Vale MUITO a pena. Clique aqui para visitar o site do museu.

Além das obras expostas, o próprio edifício do museu é histórico. Trata-se da Maison des Avocats, ou Casa dos Advogados, construída no século XVI.

O museu tem várias fantasias e objetos de filmes. Não preciso dizer quem é o robô aí do lado, né?
São várias salas... tem muita coisa pra ver!
Um dos cenários do filme Perfume: A História de um Assassino. Perfeição!
E nós fomos parar no hospital! Brincadeirinha... a imagem é uma miniatura dentro de uma caixa. Pela foto, ninguém diz, né?
Minibiblioteca.
Mais uma miniatura... é tão real!
Exposição de bonecos do artista Julien Martinez, no mesmo museu. Esse era um dos bonecos menos bizarros.
Passamos quase a tarde toda lá, mas bateu a fome e resolvemos sair para almoçar. Entramos num restaurante simpático chamado Le Petit Glouton e escolhemos um "cervelle de canut", ou "cérebro de trabalhador da seda" (piada que provavelmente só eles entendem...), especialidade lionesa feita com queijo, uma das poucas que podíamos comer por não conter carne.

Os restaurantes típicos de Lyon são chamados de os bouchons lyonaises.

Interior do Bouchon Petit Glouton.
Depois de almoçarmos, andamos sem rumo pela cidade, pois era tarde para procurar outro passeio longo, e visitamos rapidamente a Igreja de Saint-Paul, ainda no centro medieval.
Igreja de Saint-Paul.
Ruas estreitas em Vieux Lyon. Em boa parte delas os carros não entram.
Nessas andanças sem rumo, acabamos parando em várias outras igrejas, como Notre Dame Saint-Vincent e Saint-Nizier.

Esta é a entrada da Saint-Vincent. A fachada fica de cara para o Saône e é estranhamente espremida entre outros edifícios.
Reformada depois de um incêndio no século XIX, a igreja tem colunas neoclássicas! Que falta de imaginação! :)
Igreja de Saint-Nizier, construída e reconstruída em vários momentos da história e finalmente terminada no século XVI.

Na noite do domingo, já havíamos passado por Saint-Nizier e entrado. Era um domingo e o que vimos nos impressionou: uma HORDA de pessoas, a maioria muito jovens, rezando e cantando e lotando a igreja. Não havia nem bancos para todo mundo. Não era um casamento nem nada; era apenas a missa de domingo. Numa metrópole tão agitada, não esperaríamos que as pessoas estivessem em peso dentro da igreja à noite. Muito menos que tantos jovens de 20 e poucos anos se sentissem tão profundamente católicos no século XX. Claro que moramos num país que ainda é bem católico, mas nós não somos, nunca vamos a missas e sempre que entramos em igrejas em São Paulo o que vemos são pessoas bem idosas rezando em silêncio. Não pensávamos que a molecada ainda gostasse de ir à igreja. Então a cena foi bastante impressionante. O clima de reverência e religiosidade era forte, então não nos atrevemos a fotografar o momento. (Nenhuma crítica embutida aqui, antes que alguém leia algo que não escrevemos, OK?)

Mas a gente quis voltar para ver como ela era por dentro. Saint-Nizier é uma igreja curiosa. Apesar de parecer "só mais uma igreja gótica", o interessante é que o local onde ela está já era usado com fins religiosos desde o tempo dos romanos. Na época, havia aqui um templo não cristão. No século V acredita-se que as ruínas do templo foram usadas para construir uma basílica em honra aos mártires, chamada "Igreja dos Santos Apóstolos". No século VI, recebeu túmulos de bispos, inclusive de São Nicetius (o tal do Nizier, vai entender essa adaptação do nome...), que daí deu à igreja esse título. No século VIII, foi atacada por sarracenos e por Carlos Martel. Foi reconstruída no século IX. Mas em 1253 os "hereges" valdenses puseram fogo nela... E do século XIV ao XVII foi sendo re-re-reconstruída.
Saint-Nizier recebe muitos jovens franceses católicos na missa de domingo. Mas hoje estava vazia e pudemos fotografar à vontade.
Entre as ruas do centro "novo" (ou menos velho...), imponentes casarões.
Continuando a epopeia de igrejas, esta é Saint-Bonaventura, completada no séc. XIV.
Interior de Saint-Bonaventura.
Depois, cruzamos o Rhône novamente para ver a parte mais nova da cidade, seguindo em direção ao parque Tête d'Or.
No caminho, várias surpresinhas, como esta igreja de Saint-Pothin, do séc. XIX.
Não resistimos a esta loja de doces e finalmente compramos uns macarones, típicos doces franceses!
A bonita embalagem dos macarones feitas pela Chocolaterie Tourtiller.
Place du Maréchal Lyautey. Bonitas praças como esta estão espalhadas por toda a cidade. A região é bem residencial e por isso muito sossegada.
Esta é a entrada do parque Tête d'Or ( Cabeça de ouro, tá?).

Escultura incomum próxima ao portão de entrada do parque. Repararam? É uma centaura roubando um beijo de um homem  Ó a mitologia sensualizando!
Chegamos tarde ao parque e já estava na hora de fechar, então não vimos muito dele, infelizmente...
Saindo do parque, voltamos andamos pela parte mais moderna da cidade. Escureceu. Chegamos perto do conhecido Le Crayon, prédio que tem a forma de um grande lápis, e entramos em um pequeno shopping. Vazio. E aí, como já estávamos cansados de bater pena o dia inteiro, pegamos o metrô e fomos para o hotel desmaiar.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Lyon: Dia 3. Croix-Rousse, Saône e Santa Blandina.

Painel em um paredão inteiro no bairrode Croix-Rousse, em Lyon.
Resolvemos andar pelo "nosso" bairro nesse dia nublado. Lá, encontramos um dos famosos painéis de Lyon. Tá vendo a imagem acima? Essa escadaria, as pessoas e até as janelas do prédio são todas de mentira. É uma das muitas pinturas de aparência realista que retratam cenas cotidianas na cidade em paredões como esses. Ao vivo você até percebe o que é ou não real, mas na foto a distinção é quase zero.

Mais uma imagem da pintura. O que a enriquece são detalhes como um gato numa janela, um jornal na mão de um transeunte...  além das formas despretensiosas.
Sim... é uma pintura! Até as calhas do prédio são pintadas.
Só quando você chega perto da imagem consegue ver que se trata de um desenho.
De lá, resolvemos ir novamente até o rio Saône, porque há muito para ver em torno dele. No caminho, passamos pelo Forte Saint-Jean, construído no alto de um penhasco no século XVI, e por um parque que tinha vista para o rio, de onde se podia descer ziguezagueando por ruas pitorescas..

Igreja em Croix-Rousse.
Forte Saint-Jean
Detalhes dos muros do forte, voltado para o Saône.
Parque com vista para a cidade e o rio.
Uma bonita vista da cidade.
Igreja de Saint-Georges à margem do Saône.
Depois, pegamos o metrô para ir até o bairro La Confluence, na confluência dos rios Rhône e Saône. Lá, ficam alguns edifícios modernos, projetados para serem sustentáveis. Só que a gente meio que se perdeu e, em vez de entrar pelas ruas onde ficam esses prédios, acabamos fazendo um caminho meio sem graça, na parte industrial do bairro. Comemos umas tortinhas de legumas numa padaria e, no final, atravessamos uma ponte e caímos na outra margem. Só de lá conseguimos observar, mas ou menos, os tais prédios modernosos.

Arquitetura de La Confluence.
Prédios residenciais e comerciais se misturam aqui. Há um shopping, cinemas e academias de ginástica.
Na margem oposta do rio, uma área bem antiga, encontramos este convento abandonado. Ficamos imaginando histórias sobre ele...
Igreja de Sainte-Blandine.
De lá, fomos andando até a Igreja de Sainte-Blandine. Blandina foi uma das mártites de Lyon do tempo em que os adeptos do cristianismo eram perseguidos pelas autoridade romanas. Na época (ano 177 d.C.) era ilegal ser cristão, e a escrava Blandina foi presa junto com seu mestre, também cristão, e mais uma galera. Todos foram torturados e jogados às feras no Anfiteatro das Três Gálias, menor que aqueles que a gente viu... e que só descobrimos que existia DEPOIS de termos deixado Lyon. Legal. E nem era longe do nosso hotel. O pior é que tínhamos um guia bem detalhado de todas as coisas que a cidade tinha a oferecer. Mas eram TANTAS que às vezes foi difícil escolher...

Mas não ver esse anfiteatro ainda foi melhor que vê-lo do jeito que a Blandina viu. E o lugar parece hoje apenas um pedacinho de terra com uns tecos de arquibancada, cercado por uma grade. Nem impressiona o visitante. É ponto de interesse só para gente boba como nós que baba em um tijolo se você disser que ele tem 2 mil anos de idade.

O interior da igreja é em estilo românico, o que significa que é da Idade Média, o período anterior ainda ao gótico. Mas não conseguimos descobrir o ano exato de sua fundação.
Bonito vitral de Sainte-Blandine.
Mosaico medieval no chão.

Interior da igreja.
Resolvemos terminar o dia andando pelo centro comercial na região da Place Bellecour, onde tem edifícios antigos, lojas, cinemas, restaurantes etc. Fomos à Fnac ver livros (sempre um ótimo programa, mesmo que você não compre nenhum), comemos uma pizza e depois voltamos ao hotel para descansar.

Carrossel e espelho de água na Rue de la République.
Amanhã tem museu de cinema e miniaturas, iei!