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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sevilha: Dia 1. Um labirinto medieval.

Catedral de Sevilha vista dos Jardins de Murillo.

25 de abril de 2011. Sol forte, céu estupidamente azul e ar seco. São 36 graus em Sevilha.

Foram 10 horas de voo de São Paulo a Madrid. Levamos todos os documentos que poderiam ser solicitados na nossa entrada na Espanha, mas não tivemos absolutamente nenhum problema na alfândega. Não pediram sequer para ver nossas passagens de volta. :-)

Do aeroporto Madrid-Barajas sai uma linha de metrô, pela qual fizemos baldeações até a estação ferroviária Atocha e de lá tomamos um trem AVE - Alta Velocidade Española para Sevilha. É fácil pegar trens da Renfe de Madrid a Sevilha, pois eles saem de hora em hora, mas também se pode comprar passagens antecipadas pela web. Levamos 2 horas e meia para chegar. Para quem está acostumado a perder tempo no paradoxo que é o trânsito intransitável de Sampa, 2 horas de uma cidade a outra são fáceis. O trem é meio caro e o metrô é bem barato, mas ambos são ótimos. Só o voo foi muito cansativo. Não dormimos quase nada, aterrisamos exauridos e, ao chegar no Hotel Monteolivos, desabamos na cama.

Área da estação Santa Justa.

Escolhemos esse hotel por ser próximo da estação de trem Santa Justa, de onde partiriam nossos trens para outras cidades andaluzas que queríamos visitar. O local é considerado distante do centro antigo da cidade, mas é uma distância fácil de cobrir a pé em cerca meia hora se você não tiver mobilidade reduzida e não for preguiçoso!

Mas o sol está brilhando em Sevilha e não temos tempo a perder! Vamos zanzar pela cidade, que está louca para nos conhecer (rá, rá).

Ruas com laranjeiras e ciclovias por toda a cidade.


Sevilha é a cidade das laranjeiras e andorinhas. As ruas são enfeitadas por árvores pesadas de frutos que, por serem azedos, ninguém colhe, e continuam lá, colorindo de verde e laranja os bairros de toda a urbe. Palmeiras também embelezam as ruas e os numerosos parques, enquanto plátanos contornam os passeios ao longo do Rio Guadalquivir. Andorinhas riscam o céu dolorosamente azul, raramente manchado por nuvens na primavera. Mesmo os bairros residenciais, modernos e não turísticos, são bastante arborizados e as ruas guardam pequenas surpresas entre os edifícios do século XX, como igrejas barrocas e prédios pitorescos de outros tempos, com varandas carregadas de flores em vasos de louça pintados à mão.

Esquina enfeitada com azulejos.

Típica rua sevilhana.


Decidimos tomar um caminho bem mais longo até o centro, passando pelas ruínas da muralha mourisca da cidade. Como muitas cidades medievais europeias, Sevilha era completamente cercada por muralhas de defesa, que antigamente se conectavam ao Alcázar Real, moradia dos reis mouros e, depois, dos cristãos, e à Torre del Oro, um posto de observação à margem do Guadalquivir. Uma das portas desse paredão ainda se abre para o bairro La Macarena, onde tudo parece ter o nome de Macarena, até mesmo uma tal Real, Ilustre y Fervorosa Hermandad y Cofradía de Nazarenos de Nuestra Señora del Santo Rosario, Nuestro Padre Jesús de la Sentencia y María Santísima de la Esperanza Macarena - ufa! Embora ninguém chegue a um acordo sobre o que exatamente é uma "macarena".

Eeeeee, Macarena. Aaaai!

O Guadalquivir é bastante limpo e navegável. Em suas águas, um barco com jeitão de chalana leva os turistas para um passeio e os alunos de uma escola de remo se exercitam todos os dias em caiaques. Às suas margens, praças, calçadões e ciclovias convidam a sentar na grama ou correr e andar de bicicleta. É uma delícia caminhar por horas ao longo de um rio numa cidade que o valoriza como ponto de encontro e lazer, como já tínhamos feito em Roma e Paris.

O Baits dos fenícios, Baetis dos romanos, Tharsis dos gregos, al-wadi al-Kabir
dos mouros... hoje, Guadalquivir. Ao fundo, a Torre do Ouro.

Em Sevilha, margem de rio é lugar de descanso.
Vista de uma das pontes sobre o rio Guadalquivir.

Chegando ao centro, deparamo-nos com os bairros de Santa Cruz e Arenal, onde ficam o Real Alcázar, a Catedral de Sevilha com sua torre Giralda, os Jardines de Murillo e outros pontos interessantes. Lá também se forma a principal muvuca de restaurantes e bares da cidade. Esses são bairros antigos, raiados de ruazinhas estreitas que se entrecruzam e deixam qualquer um maluco sem um mapa. Nós tínhamos um mapa básico, no qual faltavam as ruas menores, e nos perdemos nesse labirinto lá pelo final da tarde, quando nossos pés já não aguentavam de dor e nossos olhos ardiam, implorando por travesseiros!

Entre a Catedral de Sevilha e o Arquivo das Índias.
David diante da muralha de Sevilha, trecho de La Macarena (eeee, Macarena, aaai).
Aqui, dá pra pedalar numa ciclovia com vista para uma muralha árabe do século XII. Chato, né?

Ainda passamos pelo pitoresco bairro de Triana, do outro lado do rio, mas estávamos esgotados. Caímos cedo na cama, afinal, no dia seguinte tinha mais!

6 comentários:

  1. Que delícia! Você não aproveitou pra ver um show de flamenco??

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  2. Wow! As fotos são awesome, Mila! Presumo que o vídeo ainda esteja a caminho...
    E tu precisa descobrir o que diabos significa macarena. Não veio de lá aquela dança/musiquinha que foi popular há tempos aqui, né?

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  3. Delícia!!! Eu já tinha visto as fotos antes, mas adorei ver de novo! E ler de novo sobre o que vc tinha contado. É ótimo ter essas informações assim disponíveis pra quem quiser se aventurar por lá.

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  4. Cris,

    OPA se aproveitei! Não dá pra sair de Sevilha sem ter visto um show de flamenco. Fizemos isso no útlimo dia. :-)

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  5. Gi, que legal que gostou! O vídeo o David ainda não achou tempo para editar, rs. Mas acho que serão oS vídeoS...

    Foi por causa dessa musiquinha inesquecível (rs) que ficamos cismados com o nome Macarena por toda parte. Macarena é um aspecto da Virgem Maria, mas, como falamos no post, parece que ninguém chega a um acordo sobre o que significa e de onde vem. Até por isso tem um verbete da Wikipedia no texto. Dá uma olhada:

    http://es.wikipedia.org/wiki/Macarena_%28Sevilla%29#Etimolog.C3.ADa_del_top.C3.B3nimo

    Mistérios da Espanha... rs!

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  6. Fabs, pra você que já ouviu de tudo o blogue está meio que chovendo no molhado, né? Rs! Mas ainda temos muita coisa a contar e mostrar e esperamos que nossos relatos ofereçam boas dias para os próximos viajantes.
    Beijão!

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