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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Florença: Dia 4. Museu Arqueológico e o último nhoque

Painel romano. Ou grego. Já não sabemos...

Neste dia fomos ao Museu Arqueológico de Florença. Repleto de artefatos etruscos, gregos, romanos e até egípcios, o lugar está estranhamente abandonado - poucas pessoas o visitam, apesar da entrada bastante barata, e as alas de arte egípcia estão tristemente negligenciadas, cheias de objetos estranhos sem identificação de época ou utilidade. Isso se deve em parte a uma enchente que destruiu parte do acervo na década de 1960 - e cujos efeitos aparentemente ainda não foram sanados. É uma pena. Ainda assim, vale a visita. O fato de as pessoas nem se lembrarem de ir a este museu o torna uma atração à parte: não tem fila nem empurra-empurra nem milhares de cabeças na sua frente quando você quer espiar uma peça por um bom tempo. Tem cerâmica grega a granel, de todos os períodos e estilos imagináveis.

Quimera romana. São três cabeças: de leão, de cabra e de serpente. Imagine o conflito de interesses na hora de o bicho comer.

No almoço encontramos por acaso um restaurante vegetariano, o charmoso Bveg, com ar alternativo, cheio de livros e objetos de arte estranhos. Não era caro e comemos dois tipos de hambúrguer vegetariano - um de legumes e outro de semente de girassol. Ambos deliciosos!

Fachada do Bveg. Para quem curte, eles também servem cerveja artesanal.

Nossos pratos no Bveg.

Sem destino, passamos nosso último dia na cidade dos Medici vagando por áreas menos turísticas. Afastamo-nos do centro contornando o rio na direção oeste até chegar a uma parte em que suas margens são completamente cobertas por vegetação, o que proporcionava uma paisagem idílica perfeita para os ciclistas. De um lado havia uma bela praça, mas do outro um bairro estilo periferia, bem feio e sujo. Andamos em direção ao leste, ainda acompanhando o rio, repassando muitos dos locais que já conhecíamos, como numa despedida. Paramos sobre uma ponte para observar os remadores em seus barcos no final da tarde. Parece ser uma atividade bem popular por aqui.

O Arno no oeste de Florença.

O Arno no oeste.

Terminamos o dia repetindo aquele nhoque de sálvio no Il Mostrino. Veja se não é de salivar.

Nhoque de sálvia na manteiga.

Uma curiosidade: em cada ponte de Florença - e de muitas outras cidades italianas -, casais de namorados colocam penduram cadeados. A superstição diz que o par que fizer isso ficará junto para sempre (ou pelo menos por tanto tempo quanto o cadeado permaneça ali). Como um cadeado sem chave não tem utilidade para ninguém, nenhum deles é roubado. Isso resulta em correntes apinhadas de cadeados de todas as cores, tamanhos e tipos - como se os amantes estivessem numa competição para ver quem leva o amor mais duradouro para casa depois das férias. Como somos descrentes e muquiranas, não aderimos à prática. Mas não poderíamos passar por ela sem reparar com um sorrisinho no rosto.

Parte de nossos corações com certeza fica por aqui, numa ponte qualquer sobre o Rio Arno, preso a Florença feito um cadeado.

Perdi meu coração em Florença. Se você encontrar, não me devolva. Ele está bem feliz por lá.

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