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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Veneza: Dia 3. Piazza San Marco e Dorsoduro.

Ó a famosona aí.


Sexta-feira. Acordamos cedo e fomos direto para San Marco, para tentar entrar na basílica sem enfrentar filas escatológicas. O caminho de nosso bairrinho, o Santa Croce, até lá é muito rápido. Se for direto, você nem sente que andou.

A Basílica di San Marco colada ao Palazzo Ducale.

Conforme o dia ou a época do ano, a San Marco pode abrir às 9h30, às 9h45 ou às 10 – as placas informativas não entram em consenso, sabe. Na dúvida, vá às 10. A entrada na basílica é gratuita. Mas paga-se por todo o resto: 5 euros para a Loggia dei Cavalli – sacada com as quatro estátuas de cavalos roubadas de Constantinopla, de onde pode-se ter uma vista panorâmica; 3 euros pela Pala d’Oro, uma peça de altar enorme; e mais 3 euros pelo Tesouro de San Marco. Coisas que merecem ser vistas, a gente sabe. Mas estávamos nos sentindo meio mãos de vaca depois do ingresso caro do dia anterior! Então, decidimos não entrar nessas áreas. Ainda assim, ver só a parte gratuita da San Marco vale a visita. Para quem curte coisas da Idade Média, tem uns mosaicos incríveis.

Interior da Basilica di San Marco.

Mais da basílica.

Tínhamos passado a noite anterior tentando descobrir em nosso guia – sem sucesso – onde ficava o Museu Arqueológico. Descobrimos na mesma hora que ele é anexo ao Museu Correr, ali mesmo, na Piazza San Marco. Então, vimos os dois de uma só vez. Eles oferecem belas coleções de obras de arte relacionadas à história de Veneza e ainda artefatos da Antiguidade Clássica vindos de coleções particulares. As salas do próprio edifício também são muito bonitas, com tetos e paredes ornamentados. Se você já viu os Museus do Vaticano ou o Louvre, não vai se impressionar muito, não. Mas são ótimos museus, sem dúvida.

As belas arcadas da Piazzeta, a pracinha que sai da praçona e dá de cara no mar.

Nesse dia, decidimos almoçar "direito" e usar o momento para descansar. Eu – Mila – estou aventando seriamente a possibilidade de passar a usar sapatos ortopédicos, porque meus pés e pernas estavam pedindo arrego desde ontem. Até os joelhos estão em greve. Nós dois temos o hábito de andar muito – o David, mais ainda –, mas parece que ou eu peguei pesado ou meus tênis são umas coisas sacanas que parecem confortáveis na hora em que os calço, mas, algumas horas de caminhada depois, já viraram instrumentos de tortura. Ao meio-dia eu não aguentava dar nem mais um passo. Acabamos entrando em um lugar mais caro do que os que costumamos escolher, o restaurante Grand Canal, só porque era perto dali. Pelo menos, o preço que pagamos valeu uma refeição muito boa com vista para o mar.

Vista do restaurante Grand Canal, com a infalível pomba à espreita.

Saímos de lá com destino ao Dorsoduro. O nome significa exatamente o que parece. Este bairro foi construído sobre uma ilha mais sólida, resultando em uma Veneza mais espaçosa, menos recortada por canais e mais... autêntica. Ao menos, é a sensação que passa. É lógico que toda a cidade é "autêntica" – nada nela foi construído para os turistas. No entanto, é o turismo que causa aquela impressão de que toda a cidade foi posta à venda na forma de máscaras de carnaval de todos os tamanhos, cores, tipos e preços, vidros de Murano e outros clichês que infestam as áreas mais próximas a San Marco. No Dorsoduro, assim como no Cannaregio e no Castello, é onde parecem viver os venezianos de verdade: gente que acorda todo dia e vai para o trabalho, que estuda na faculdade, que leva os filhos à escola, que estaciona seus barquinhos motorizados, e não gôndolas, no cais. Gente que não necessariamente vive do turismo. Claro que o bairro é turístico – é nele que fica a famosa Accademia –, mas é bem menos baladado que Rialto e San Marco com suas multidões. É aqui que você pode caminhar sossegadamente e ver crianças usando patinetes, turmas de estudantes tagarelando em bares e pessoas comuns voltando do trabalho no fim da tarde.

No caminho, fomos fotografando tudo, é claro. Esta é a igreja de San Moisè, que fica bem próxima a San Marco.

Adivinha: mais canais!

Eu, Mila, tenho como missão pessoal fotografar todos os gatos com os quais a gente topar em viagens. Ou obrigar o David a filmá-los. Esse bonitão estava no trecho entre Rialto e San Marco.

As igrejas do Dorsoduro são numerosas, mas menos esplêndidas que as do outro lado do canal, e os casarões impressionam menos. Mas, devido ao “dorso duro” desta ilha, as praças e espaços abertos são mais frequentes e algumas casas até têm pátios e jardins. Para quem curte adquirir peças exclusivas, perto da Accademia há muitas lojas de arte e design. Para nós, a visita valeu principalmente porque sempre tentamos conhecer a “verdadeira cidade” por trás das atrações turísticas. Andar pelos bairros onde as pessoas realmente moram faz com que nos sintamos parte da cidade. Como se fôssemos alienígenas disfarçados tentando conhecer de perto o estilo de vida dos seres humanos. XD

Para passar ao Dorsoduro atravessa-se a Ponte della Accademia, que é bem alta. Por baixo dela, o movimento de barcos é intenso. Por cima, temos belas vistas como esta:

A foto aqui também é concorrida, mas não como na Ponte di Rialto...

Aliás, não entramos na Accademia. Sabemos que merece – e muito – uma visita, mas já tínhamos nos saturado de obras de arte nesse dia. Então, tudo o que fizemos foi andar ao ar livre: nosso programa preferido em qualquer cidade, sempre.

O sossego do Dorsoduro.

Eu disse que as igrejas são menos impressionantes aqui. Mas isso não é tão verdadeiro para a Santa Maria della Salute. Esta baita igrejona, de cara para a água, é bem visível lá do outro lado do Canal Grande e deu tchauzinho em várias de nossas fotos. Sua ampla escadaria atrai caminhantes cansados, que a usam como uma arquibancada para admirar o canal. Mas tome cuidado: golpistas à frente! Os caras ficam diante das duas portas da igreja, arrumadinhos, segurando um cesto e pedindo donativos. Sem pensar, você acha que é para a manutenção da casa e doa. Mas logo na porta, com o rabo dos olhos, pode-se ver um cartaz em inglês e em italiano avisando que ninguém tem permissão para pedir doações para a igreja do lado de fora. Felizmente, nós o vimos a tempo de não dar uns euros para o cabra safado.

Fachada monumental da Santa Maria della Salute.

A Santa Maria e sua escadaria.

Aliás, olho vivo, gente. O que tem de golpista e vendedor de tranqueiras de que você não precisa nas cidades italianas não é brincadeira. Em qualquer grande cidade turística, na verdade. Normalmente, são imigrantes. Em Roma, dois anos antes, tinha uns que faziam de tudo para você comprar uma rosa, apostando na ideia de que o cara vai ficar sem graça de negar uma flor à namorada. Em Sevilha, umas tias pseudociganas que te entregavam um raminho de mato, te desejavam sorte e pediam grana – além dos sujeitos vendendo abanicos (leques) mequetrefes. Em Milão, uns dias depois de Veneza, veríamos uns que praticamente amarram uma pulseira no seu braço para ver se você a compra. As táticas são as mesmas. Eles chegam sorrindo, puxam papo, apertam sua mão, perguntam de onde você é e tentam mostrar que arranham algumas palavras do seu idioma. Então, te "dão" alguma coisa e dizem que é de graça, mas te pedem "uma ajuda". Afinal, eles sabem que é mais difícil dizer não a alguém que age como amigo. Se você não quiser perder tempo e dinheiro, não pare perto deles, não faça contato visual, não dê atenção. Não tente nem mesmo ser gentil e explicar que não rola, pois eles tomam isso como uma brecha para se aproximarem. Eles insistem. Mantenha uma expressão neutra e diga NÃO. Afinal, o euro hoje fechou a R$ 2,63.

(Mas o golpe mais criativo que já vimos foi em Paris. A gente ainda vai contar essa história. 'Guentaí.)

Quando chegamos ao Santa Croce, já tinha escurecido. Abastecemos nossa mochila com bananas e água para o dia seguinte, mas, antes disso, fomos até a estação Santa Lucia para comprar nossas passagens para Florença. Partiremos no domingo! Amanhã, portanto, é nosso último dia no Vêneto. Então, vamos pegar leve na pernada e namorar bastante a paisagem, para gravar Veneza não só neste blog e em nossas fotos e vídeos, mas principalmente em nossas retinas. Nem partimos e já estamos com saudade...

Não dava para ficar sem uma foto cheia de gôndolas.

2 comentários:

  1. Também sempre tento tirar foto de gatos em viagens! hehe.

    Este golpe em Paris foi aquele do Anel? tentaram pegar a gente com este umas duas vezes, pfff

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    1. Ahahah! Esse mesmo, Ila! Eu fico pensando se realmente há quem caia nesse golpe... Mas, se eles continuam repetindo, é porque deve dar certo com alguém. :-P

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