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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Veneza: Dias 1 e 2. Chegada, Mercato de Pesce, Rialto e Piazza San Marco.


Vista da Ponte di Rialto.

19.09.2012, quarta-feira. Ok, vamos começar com um clichê: nem acredito que estamos aqui! Em Veneza!

Chegamos no final da tarde, pois nosso voo em Amsterdã demorou para decolar e,quando pousamos no aeroporto Marco Polo, na cidade Mestre (vizinha de Veneza no continente), já passava das 17h30. Pela previsão do tempo, enfrentaríamos muita chuva e teríamos que tomar um ônibus e ainda um trem até conseguir chegar ao hotel com nossas mochilas. Mas o Weather Channel errou e o transporte público melhorou: a tarde estava apenas nublada e tinha um ônibus que nos levou diretamente do aeroporto até Veneza. Vai para Veneza? Anotaí: no aeroporto Marco Polo, vá até o guichê da empresa ATVO e compre uma passagem de ônibus. Custa 6 euros. No ponto de ônibus número 1, bem na saída do aeroporto, você deve validar sua passagem numa maquininha amarela que fica bem à vista. O busão sai de meia em meia hora, é confortável e te leva até bem perto da estação de trem Santa Lucia e da Piazzale Roma. Também dá para ir do aeroporto a Veneza de barco, mas é mais caro. Se não quiser gastar muito, prefira o ônibus.


O Canal Grande!

Como achávamos que teríamos que tomar um trem, nossa reserva era em um hotel bem perto da estação. Então, não tivemos que andar muito para chegar. Nosso hotel, o Albergo Doge, fica na Calle Lista Vecchia dei Bari, é pequeno, simples, antigo – a decoração deve ser a mesma desde os anos 1960, mas o prédio deve ser bem mais velho –, barato e com tudo funcionando, que é o mais importante. Lembrando que “barato” em Veneza é muito relativo, pois a hospedagem na cidade é cara. Até por isso muita gente se hospeda em Mestre, que é bem mais em conta. Mas aí é preciso tomar ônibus ou barco para ir e voltar todo dia – e fica-se sem o gostinho de dormir e acordar respirando história e maresia. Boa sorte para quem tiver coragem de perguntar o valor da diária dos hotéis históricos de cara para o Canal Grande. :-P

O Albergo Doge tem café da manhã, que a gente toma no quarto mesmo – e tá ótimo, pois eles o trazem até você. A gente pediu chocolate com leite em lugar de café ou cappuccino. O resto é croissant, torrada, pão, biscoito, mel e geleias meladas. Faltou uma fruta, mas, como o desjejum estava incluído no preço, a gente nem chiou, não.

Agora, voltando: NEM ACREDITAMOS! ESTAMOS EM VENEZA! Bora ver canal, escadaria, ponte e igreja  até dizer chega!

Outra vista do canal.

Na primeira noite, não deu tempo de curtir muito, pois chegamos esgotados das muitas horas de viagem (3 horas de antecedência no aeroporto de Guarulhos + 11h30 de São Paulo a Amsterdã + intervalo de 3 horas + voo de 1h40 de Amsterdã a Veneza + atraso de 1 hora + meia hora de ônibus). Mesmo assim, saímos um pouco. Não se preocupe se achar que está longe de San Marco e do agito. Veneza é minúscula e, para QUALQUER lugar que você ande, encontrará os tais canais, com pontes pitorescas debruçadas por cima para você subir e fotografar alguma vista com vago ar medieval e depois jantar em algum restaurante à beira-mar. Então, mesmo em nosso bairro pouco concorrido e considerado não turístico, a gente ainda se divertiu caminhando algumas horas antes de assumir a canseira, tomar banho e desmaiar. Fizemos um rápido reconhecimento da cidade, chegando a entrar na Universidade de Veneza, um edifício bastante antigo cujo pátio tem um poço no meio – hoje, desativado e coberto de roseiras e intervenções artísticas. Tudo bem que depois a gente comeu a pizza marguerita mais mixuruca de todos os tempos (mussarela, polpa de tomate e manjericão ausente). Mas não tinha problema... afinal, ESTAMOS EM VENEZA! Quem liga pra comida?


Um dos incontáveis canais de água salgada.

20.09.2012, quinta-feira. Céu azul, sol forte. Saímos cedo com destino à Piazza San Marco. Claro que o plano era ir bem devagar, fazendo todos os desvios que tivéssemos vontade, fotografando desde igreja até maçaneta de porta. E nós o cumprimos à risca.

Dica: não saia sem um mapa. Não. Mesmo. Percorrer as vielas venezianas sem saber para onde está indo pode ser muito frustrante. Claro que todas elas valem a visita, se você gosta de observar o casario caindo aos pedaços e tentar imaginar as histórias que ali aconteceram (como nós fazemos). Mas até quem curte pode enjoar disso. Então, foi fundamental ter um bom guia à mão. Se você não tiver um mapa, compre um por 2 ou 3 euros na primeira banca de informações ou de jornal que encontrar - tem várias perto da estação de trem. É claro que você pode apenas seguir as placas que apontam para Rialto, San Marco e Accademia, mas a sinalização nem sempre é clara e a cidade tem muito mais do que pontos turísticos óbvios a oferecer. Pontes em arco, com balaustradas onde você pode se debruçar para observar os corredores de água ladeados por casas centenárias. Imensas portas de madeira que se abrem das casas para a água. Degraus cobertos de limo e algas que descem para os canais. Gôndolas levando turistas, vaporettos, lanchas e iates levando habitantes. Janelas de madeira com jardineiras repletas de flores. Igrejas medievais e renascentistas em pátios onde sobrados e lojas se colam a elas, indissociáveis. Edifícios de vários andares, antigos e tortos, que de tão inclinados quase se beijam lá no alto, enquanto abaixo as ruas estreitas, intrigantes, serpenteiam. Veneza é um labirinto no qual vale a pena se perder sem pressa de se encontrar.

Muitas, MUITAS pontes fotografáveis.

Mila perturbando a paisagem.

Igreja de San Giacomo dell'Orio.

Aliás, falando em torto, o que tem de prédio torto nesta cidade não é brincadeira! A gente nunca visitou Pisa, mas foi como se estivesse lá. Ficamos nos perguntando se os arquitetos italianos gostavam de ir na diagonal ou se o terreno é que não ajudou. Concordamos com a segunda hipótese... Veneza é um desafio arquitetônico: foi construída, toda ela, sobre a lama e as águas do litoral. E um dia a mesma água e a mesma lama hão de engoli-la. Se você quer conhecer a joia do Vêneto, é melhor vir logo! Isto aqui vai cair!

Em Veneza há um estilo gótico particular que não se parece muito com o gótico alemão ou francês, aquele da Catedral de Notre-Dame e suas amigas. É um gótico com um ar mais alegre e exótico, com um pé ou dois na mesquita. Lembra um pouco a arquitetura mestiça que vimos em Sevilha. Veja as fotos e diga se essas janelinhas enfeitadas não têm um tempero árabe...

Fachada típica de palacete veneziano.

Mais do que canais, Veneza tem estilo próprio.
Isto é um sottoportego - uma passagem por baixo de prédios para ligar as ruas umas às outras. São tão numerosas quanto as pontes.

Bom. Fomos caminhando pela cidade com a sensação de fazer parte de uma espécie de lenda. Paramos para almoçar em um restaurante chinês – quem precisa de comida típica, né?Comemos uma boa porção de cogumelos com broto de bambu e outra de legumes cozidos, a 4 euros cada, e demos no pé. Tem esta também: não comemos carne, não gostamos de gastar muito com comida, nem de demorar demais nos restaurantes. Com tanta coisa para ver, se não fosse uma necessidade vital, a gente nem pararia para abastecer o bucho. Mas não dá para ser, então, normalmente a gente passa à base de lanches rápidos e frutas – um cacho de bananas e duas garrafas de água dentro da mochila são essenciais.

Charme veneziano: tudo apertadinho.
Igreja de San Stae, de cara para o Canal Grande.

Canais, fachadas, barcos, Veneza!

Passamos pelo Mercato de Pesce e pela famosa Ponte di Rialto - e, nesse ponto, a Veneza vazia de algumas horas atrás virou formigueiro em polvorosa. Centenas de turistas tirando fotos, fazendo compras, tagarelando em línguas inidentificáveis. Conseguir uma foto no topo da Ponte di Rialto é uma verdadeira façanha. Além de a ponte em si ser disputadíssima, dos dois lados dela e também EM CIMA dela há lojas de lembrancinhas típicas: camisetas, objetos de vidro, semijoias, máscaras de carnaval veneziano etc. Para evitar a muvuca, tentamos escolher os caminhos menos concorridos para San Marco. Dica: se vai comprar suvenires para a parentada em Veneza, não compre no primeiro dia, nem leve os primeiros ímãs de geladeira que vir – você pode se empolgar e pagar mais do que eles valem ou mesmo perceber que escolheu os piorezinhos... Aliás, isso vale para qualquer cidade onde você vá ficar mais de um dia. Tem centenas de lojas de coisas de vidro e máscaras de carnaval cheias de glitter por toda a cidade. Mas a maioria parece coisa da 25 de Março. As realmente bonitas são mais caras. Se vai comprar, escolha com cuidado, leve os itens mais especiais e só faça isso depois de ter visto o que realmente interessa. ;-)

Imensa variedade de cogumelos no Mercato de Pesce. Não, ele não vende só peixe...

Igreja de San Giacomo di Rialto. Não sabíamos que se podia escrever o número 4 em algarismos romanos como IIII, mas, pelo jeito, pode! Ou podia em 1410, quando esse relógio foi construído.
Ei-la: a Ponte di Rialto!
Vista do alto da ponte.
Os azuis são mirtilos, os vermelhos a gente não sabe.
Chegando a San Marco... eis que a muvuca nos esperava novamente! Mas o lugar é tudo o que dizem – e muito mais. Uma praça simplesmente fabulosa, com a igreja propriamente dita dominando a paisagem feito um colosso de mármore multicolorido, mosaicos e estátuas; a Torre del’Orologio, com seu imenso relógio renascentista à vista; o campanário de tilojos vermelhos; o exótico Palazzo Ducale, tipicamente veneziano; as arcadas da Piazzeta, que abrigam lojas e restaurantes chiques; e, é claro, a vista para o Adriático, lotado de iates, lanchas e gôndolas. Ali a vista se espraia, oferecendo, além do azul do mar, a ilha ocupada pela igreja de San Giorgio e seu jardim e o outro lado do Canal Grande, onde a igreja de Santa Maria della Salute se exibe soberana. Mas melhor do que a gente explicar é você conferir nas fotos, nesta postagem e também na próxima.

A imponente Catedral de San Marco.
O Palazzo Ducale!
Como a fila para entrar na catedral estava muito longa, decidimos ir para o Palazzo Ducale, que hoje é um museu – e não tinha fila. O ingresso para este palazzo onde antes viviam os doges custa 16 euros por pessoa, mas dá direito a ver quatro museus dentro de um período de três meses. Voltaremos para conferir os outros três amanhã mesmo! O palazzo é lindo por dentro e por fora, com uma sala mais ornamentada, dourada e imensa do que a outra. Não pudemos fotografar lá dentro. Mas vale a visita. ;-)

Até amanhã.

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