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sábado, 22 de setembro de 2012

Veneza: Dia 4. Cannaregio e Castello.

Gondoleiros jogando conversa fora no Cannaregio.

No sábado, tivemos nosso último dia inteiro em Veneza: o mais quente de todos desde que chegamos, com sol de manhã até a noite, céu azul límpido – não tem aquele marronzinho de poluição no horizonte – e tão quente que a europeiada foi à rua de short e vestido curto. Para nós, acostumados aos trópicos, calça comprida e camiseta estavam de boa, com jaqueta leve na sombra.

Loja de massas artesanais de todo tipo e toda cor! Na agitada Calle Lista di Spagna.

Decidimos atravessar a Ponte degli Scalzi e andar pelos únicos bairros que ainda não tínhamos visto, dentre os que podem ser alcançados a pé: Cannaregio e Castello. Bairros mais residenciais, assim como o Dorsoduro. Nós sabíamos que um turista normal teria corrido para a Accademia, mas a verdade é que ainda estávamos saturados de museu de arte e queríamos mesmo era ficar ao ar livre.

É no Cannaregio que ficam o Ghetto Vecchio, o Ghetto Nuovo e o Ghetto Nuovissimo (rs!). A palavra "gueto" veio daqui mesmo, de Veneza, designando a área onde, há alguns séculos, os judeus eram confinados para morar separados dos cristãos. Ainda hoje, esta é a vizinhança judaica da cidade. Tem uma sinagoga antigona ainda em funcionamento, lojas de artigos da cultura judaica, um museu hebraico e um restaurante kosher. Mas era sábado, nada aquilo abria (exceto a sinagoga, mas só para a comunidade) e ficamos só na querência de um falafel. :-P

Ruas do gueto.

Placa homenageando judeus venezianos que morreram na Segunda Guerra Mundial.

Os pitorescos varaizinhos que atravessam de um prédio a outro, ignorando canais.

Almoçamos em um restaurante veneziano comum mesmo. Restaurantes italianos normalmente oferecem antipasti (entradas), primi piatti (primeiros pratos), secondi piatti (segundos pratos) e dolci (sobremesas). Nós comemos legumes grelhados, batatas cozidas e queijos com mel. Muito bom! Mas os garçons parecem sempre estranhar o fato de que só pedimos entradas...

Nham.

Decidimos caminhar sem rumo, passando por mais igrejas, pontes e casas medievais e renascentistas do que podemos enumerar. Chegamos ao Ospedale Civile, o hospital de Veneza, que fica colado à Scuola di San Marco e à igreja Santi Giovani e Páolo - gigantesca. Ao lado do hospital, no Rio dei Mendicanti, ficam estacionados barcos-ambulâncias. A gente tentou imaginar a trabalheira que deve ser tirar desses barcos as pessoas que vêm em macas ou cadeiras de rodas... Esses lugares não aparecem em nossas fotos, só nos vídeos. Aguentem aí que em breve eles serão editados e publicados!

Parco Groggia, extremamente sossegado, no Cannaregio.

No Castello, passamos por quarteirões de prédios residenciais onde as crianças podem brincar despreocupadamente na rua – ou melhor, nos pátios públicos –, já que nesta cidade não há risco de atropelamento (já de afogamento...). Fomos até o Arsenale, onde, nos tempos da República Veneziana, construíam-se os poderosos navios de comércio e guerra da cidade, além, é claro, das armas. A enorme muralha tem uma passarela onde velhinhos ensinam seus netos a pescarem e tudo o que nos separa de um tombo no mar profundo é um piso de placa de metal. Andamos até sair do mapa. Então, voltamos. Sabíamos que havia algo além (e o Google Maps confirma!), mas tivemos um pouco de medo de nos perdermos. Veneza sem mapa é roubada. :-P

David e a igreja de Sant'Alvise, no Cannaregio.

Como o Castello já é colado em San Marco, passamos por lá para nos despedirmos da piazza e curtir a vista de cima da Ponte della Paglia, que tem vista direta tanto para o mar como para a Ponte dei Sospiri, por dentro da qual passamos no dia da visita ao Palazzo Ducale. Para quem não sabe, a Ponte dei Sospiri (Ponte dos Suspiros), que liga o palazzo à Prigioni Nove, a prisão de Veneza, leva esse nome porque, de suas janelas com barras de ferro, os prisioneiros condenados tinham sua última vista da cidade. Bom motivo para suspirar, não? Passar por dentro dela e ver algumas das celas minúsculas usadas antigamente é muito interessante, senão opressor.

A Ponte dei Sospiri.
O entardecer en San Marco.

No final da tarde, estávamos tão cansados que, em lugar de jantar, fomos direto para o hotel recuperar as energias e só mais tarde saímos para comer. Mais uma dica para você que está acostumado a cidades que não dormem, feito São Paulo: não deixe para jantar depois das 10 da noite. Os venezianos dormem cedo, pelo menos longe do centrão. Deve haver vida noturna mais tardia por aqui em algum lugar, mas com certeza não há no Santa Croce. Nós saímos às 22h30 e todos os restaurantes já estavam fechando. Tivemos que atravessar o Canal Grande para achar um take away e comprar uns sanduíches e refrescos.
No dia seguinte: Mila no trem para Florença!

Despedimo-nos de Veneza sem um jantar em grande estilo. Mas saturados de imagens, informações e ideias capazes de mexer com a cabeça de qualquer escritor.

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